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31 de maio de 2012

Canhoto da Paraíba - Único Amor (1968)


Francisco Soares de Araújo nasceu no município de Princesa Isabel, no interior da Paraíba, em 1929. Seu avô tocava clarineta, o pai violão, e os nove irmãos tocavam instrumentos diversos. Seu pai queria que ele tocasse a clarineta, igual ao avô, mas como não tinha clarineta em casa, ele acabava se distraindo com o violão do pai. Segundo o próprio Canhoto disse (em entrevista concedida a Miriam Taubkin), ele tocava o violão invertido, sem, contudo, trocar as cordas de posição, e ainda com o violão deitado sobre as pernas. Estranho é que Canhoto escrevia com a mão direita, chutava com o pé direito, mas penteava o cabelo, batia pregos e realizava outras atividades com a mão esquerda. Ou seja, o cérebro do sujeito era realmente singular. O pai dele acabou desistindo de ensinar o garoto a tocar, porque ele insistia em inverter o violão, contrariando as ordens do velho. Mas Canhoto não desistiu de aprender. Ele começou a chamar atenção não porque tocava invertido, mas porque tocava muito mesmo. Foi aí então que ganhou o apelido de Canhoto. O sobreapelido, da Paraíba, foi dado mais tarde, por Paulinho da Viola, para diferenciá-lo do Américo Jacomino, outro Canhoto que tocava com violão invertido e sem inverter as cordas. O nosso Canhoto, desde garoto, ouvia choro, e suas influências eram Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Luiz Americano e Luperce Miranda. Com vinte e poucos anos, Canhoto mudou-se para João Pessoa, para trabalhar na Rádio Tabajara. Ficou lá por cinco anos. Foi para Recife, conseguiu um emprego no SESI, onde permaneceu por 23 anos. Em Recife, além do trabalho, ele participava de programas locais de rádio e televisão. Foi assim que sua fama chegou ao Rio de Janeiro, e instigava músicos como Pixinguinha, Jacob do Bandolim, Dilermando Reis, que queriam conhecer um tal Canhoto que tocava violão incrivelmente bem. Em 1959, quatro intrépidos chorões paraibanos, inclusive o Canhoto, resolvem subir em um jipe, enfrentar a estrada e parar somente em Jacarepaguá, em um dos famosos saraus da casa de Jacob do Bandolim. Contam que, quando Canhoto começou a tocar, o maestro Radamés Gnattali ficou tão entusiasmado que jogou o copo de cerveja para o alto, deixando uma marca no teto da casa de Jacob do Bandolim, que nunca foi removida, para que nunca aquela noite, em que Canhoto esteve ali, fosse esquecida. Canhoto ficou quinze dias hospedado na casa de Jacob, que virou seu grande admirador. Poderia ter ficado no Rio de Janeiro, destino certo de tantos músicos nordestinos, mas preferiu voltar para Recife, para seu emprego no SESI. Canhoto gravou poucos LPs (de acordo com o Dicionário Cravo Albin da Música Brasileira, foram apenas quatro), mas tão absolutamente incríveis que ele é uma das grandes referências do violão brasileiro. O mais conhecido, lançado em 1977 pela gravadora Marcus Pereira (para variar) foi O Violão Brasileiro Tocado Pelo Avesso, em que interpreta suas geniais composições. Em 1998, Canhoto sofreu um derrame, e ficou com o lado esquerdo paralisado, e daí em diante não tocou mais. Dez anos depois, em 2008, faleceu em sua casa, no Recife, vítima de um enfarto.

O disco que o Acervo Origens posta hoje é o primeiro gravado por Canhoto, no ano de 1968, pela gravadora Rozenblit. Tem várias músicas de autoria do próprio Canhoto, com arranjos incríveis e execução impecável. Suas composições são todas obras-primas, choros e valsas da mais alta qualidade, que emocionam qualquer um. Mas destacamos Pisando em Brasa e Tua Imagem, um choro capaz de arrancar lágrimas, tamanha é sua beleza. Fonte: Blog Vinil Livre.

Lado A
01- Cheio de moral (Jota Santos)
02-Sorongaio (Pedro Santos)
03-Chora cavaquinho (Dunga)
04-Você se lembra (Orlando Silveira)
05-Chorei (Benedicto Lacerda - Pixinguinha)
06-Apêrto de mão (Horandino Silva – Jaime Florence)

Lado B
01-Nos bons tempos (Carlos Poyares)
02-Sorongando in Madrid (Pedro Santos)
03-Se você visse (Horondino Silva – Del Loro)
04-Boliçoso (Carlos Poyares)
05-Inferno verde (Pedro Santos)
06-Homenagem à Vitória

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